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Aprimorar conhecimentos é fundamental para a prestação de uma ótima assistência neonatal

 

Médicos especialistas em pediatria e neonatologia participam do curso de Atualização sobre Assistência Neonatal, iniciativa conjunta da Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul (SPRS) e da Seção de Saúde da Criança da Secretaria Estadual da Saúde (SES/RS), com atividades na sexta-feira (25/09) e no sábado (26/09). As aulas estão sendo ministradas pelos professores do Comitê de Neonatologia da Sociedade de Pediatria, na Avenida Carlos Gomes, 328, subsolo, em Porto Alegre.

Na abertura do evento, na tarde de sexta-feira, a presidente da Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul, Patrícia Lago, falou sobre a importância dos profissionais estarem sempre buscando aprimorar seus conhecimentos em relação aos cuidados com os recém-nascidos.

- Eventos como esse ajudam a capacitar e melhorar constantemente o atendimento aos recém-nascidos, ainda mais com a participação de profissionais que são referência na área em todo país - salientou.

O diretor de Ações em Saúde da SES/RS, Elson Farias, elogiou a parceria firmada com a Sociedade de Pediatria, salientando a importância desse trabalho conjunto para promover a redução da mortalidade infantil no Rio Grande do Sul.

A coordenadora do evento e 1ª secretária da SPRS, Célia Magalhães, destacou que a capacitação foi pensada com o objetivo de manter o Rio Grande do Sul com os menores índices de mortalidade infantil do país, por meio do aprimoramento dos conhecimentos técnicos dos qualificados profissionais que atuam no estado.

O curso aborda diversos temas ligados aos primeiros cuidados recebidos pelos recém-nascidos. O primeiro assunto apresentado na sexta-feira foi o Serviço de Referência em Triagem Neonatal (SRTN) do RS do Hospital Materno Infantil Presidente Vargas. Foi responsabilidade das professoras e pediatras Paula Vargas e Cristiane Kopacek falarem sobre a unidade referencial.

O serviço do HMIPV é o único oferecido pelo Sistema Único de Saúde no Estado. Por meio da análise das amostras do teste do pezinho, o hospital realiza o exame de hipotireoidismo, anemia falciforme, fenilcetunúria, deficiência de biotinidase e de hiperplasia adrenal congênita O hospital ainda realiza o exame de fibrose cística e encaminha a biologia molecular. O local é considerado o melhor tempo do país em triagem desta patologia. No SRTN são feitos em torno de 10 mil testes do pezinho por mês. O número de bebês atendidos equivale a perto de 80% dos nascidos vivos no Rio Grande do Sul.

A Rede Gaúcha de Neonatologia (RGN) da Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul também foi tema do curso, em painel ministrado pelo professor e pediatra da SPRS, Manoel Antonio da Silva Ribeiro, que lembrou que o surgimento da rede, em 2001, foi motivado pelo estudo do grupo de recém-nascidos de muito risco, integrado por RN’s de muito baixo peso, inferior a 1.500 g no nascimento. Apesar de representarem 1,5% de todos os nascimentos, são responsáveis por 50% dos óbitos infantis. E os sobreviventes apresentam uma elevada morbidade, podendo apresentar déficit do desenvolvimento neuropsicomotor e déficit auditivo e visual, entre outros.

A criação da RGN permitiu a coleta padronizada de informações obtidas das UTIs neonatais que a integram, a fim de viabilizar o estabelecimento de políticas públicas que permitam diminuir a incidência e a morbimortalidade dos recém-nascidos de muito baixo peso. Além disso, a Rede Gaúcha de Neonatologia exerce papel fundamental na descrição da mortalidade por faixa de peso na população de recém-nascidos de muito baixo peso (RNMBP), bem como dos diagnósticos mais frequentes (doença da membrana hialina, persistência do canal arterial, hemorragia intraventricular, entre outros) e das intervenções mas utilizadas (tais como administração de surfactante, de corticosteroide antenatal, uso de ventilação mecânica e de CPAP nasal, entre outros).

Atualmente, a RGN conta com 27 UTIs neonatais, sendo oito em Porto Alegre e 19 distribuídas pelas principais cidades do interior do Rio Grande do Sul, o que lhe permite acompanhar cerca de 64% dos RNMBP nascidos no Estado.

 

sprs curso assistência neonatal 2015
Capacitação ocorre na sede da SPRS, em Porto Alegre
 
curso assistência neonatal sprs
Da esq. p/ direita: Drs. Renato Procianoy, Ilson Enk, Patricia Lago, Manoel Ribeiro, Paula Vargas, Célia Magalhães, Paulo Nader e Rita Silveira
 


 

Temas importantes nos cuidados com os RNs

 

Após a apresentação do SRTN e da RGN, o professor Manoel Ribeiro, abordou o tema "Estratégias de Ventilação Gentil na UTI Neonatal", destacando que a ventilação mecânica pode ser necessária em neonatos como suporte de vida, mas é importante que seja usada no menor tempo possível sendo gentil ao recém-nascido.

 

O uso criterioso dos antibióticos também esteve na pauta da qualificação, com palestra do pediatra da SPRS Ilson Enk. Segundo o médico, é essencial que os antibióticos, por serem os medicamentos mais prescritos no mundo, sejam utilizados com muito critério.

Para Ilson, não se pode ir contra essa situação, mas sempre existe o temor em relação a resistência bacteriana. De acordo com o pediatra, cabe ao neonatologista prescrever o antibiótico pensando em todo ambiente, desde a criança até o local em que atua. O uso prolongado é um dos fatores que estão vinculados à emergência de resistência bacteriana nos hospitais.

O professor e pediatra da SPRS, Paulo Nader, foi mais um painelista do curso, tratando dos distúrbios respiratórios nos recém-nascidos, destacando indicações atuais de surfactantes nas UTI neonatais. Segundo ele, existem novidades e conceitos estabelecidos a respeito desse tema, já que o medicamento surfactante ajuda a manter a elasticidade do pulmão quando este não consegue produzir a substância naturalmente nos alvéolos nas primeiras horas de vida do RN. Isso ajuda a reduzir muito o impacto das complicações respiratórias dos bebês.

Coube a professora e pediatra da SPRS, Rita Silveira, destacar a atualização no seguimento do recém-nascido de risco. Para ela, todo programa de seguimento da criança de alto risco, para ter sucesso, deve ser iniciado durante a internação hospitalar. Os prematuros, especialmente os de muito baixo peso, seguem essa regra.

Segundo Rita Silveira, a qualidade do acompanhamento ambulatorial é avaliada pelas taxas de perdas ou falhas às consultas. É necessário reduzir as perdas, garantindo uma boa taxa de acompanhamento e mantendo o interesse das famílias em trazer os ex-prematuros nas consultas.

Encerrando as atividades da sexta-feira, o professor e pediatra da SPRS, Renato Procianoy, tratou do tema relativo ao recém-nascido asfixiado. Em sua capacitação, ele falou que muitas crianças nascem com déficit de oxigênio, e, por isso, muitas vezes acabam morrendo ou tendo sequelas.

Para Procianoy, essa discussão deve ser ampliada no Brasil, já que é um dos principais indicadores de óbitos dos recém-nascidos. Segundo o pediatra, uma solução possível é ter mais atenção no pré-natal, com muito cuidado pelo pediatra na sala de parto e na reanimação do recém-nascido. É preciso melhorar até em cuidados na UTI neonatal com bebês reanimados.

No sábado, a qualificação prossegue com representantes das Unidades de Terapia Intensiva do Estado recebendo orientações sobre reanimação neonatal, através do Curso de Reanimação Neonatal da Sociedade Brasileira de Pediatria.

 

 


Redação e fotos: César Moraes
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