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Zika Vírus: "Me preocupo com o futuro dessa geração de crianças"


A pediatra e coordenadora do setor do Hospital Universitário Oswaldo Cruz (HUOC), se assustou com a quantidade de casos de microcefalia que apareciam, dia após dia, em seu consultório. Nove meses depois, o mundo todo já percebeu a gravidade do problema que, segundo ela, é muito maior do que se imaginava.

- Na realidade, o problema não é microcefalia, mas sim a Síndrome Congênita da Zika, que é muito mais abrangente e perigoso. Então, estamos vendo muitas outras alterações sistêmicas do que o cérebro comprometido. Entre outros, estamos vendo problemas nas articulações. Os problemas causados pelo Zika Vírus são tantos, que a microcefalia é apenas mais um deles. Foi o que chamou atenção no começo, mas os estudos e as observações já mostraram que temos muito o que nos preocupar a partir de agora - desabafa.

A médica foi uma das palestrantes do primeiro dia do IX Congresso Gaúcho de Atualização em Pediatria, que ocorre até sábado (04/06), na PUCRS. Segundo a infectologista, não foi fácil fazer o mundo acreditar no que estava acontecendo.

- Não foi tão simples tentar provar para o mundo todo o que eu estava vendo na minha rotina de trabalho. Parece que passaram cinco anos, mas faz apenas nove meses que tudo isso aconteceu. São muito comuns as alterações oftalmológicas, muitas atrofias, alterações auditivas, dificuldade de equilíbrio, muita irritabilidade, refluxo. As crianças não conseguem dormir, são muito agitadas. Assim, suas mães também não dormem e apresentam um quadro grave de estresse - relatou.

Em muitos casos, de acordo com a médica, a criança ainda não apresentou lesão cerebral, mas provavelmente algum distúrbio vai afetar essa criança no futuro. Em função disso é preciso observar pelo menos por cinco anos o seu desenvolvimento.

- Estamos aprendendo no dia a dia os sintomas e todos os dias novos elementos aparecem. Estas crianças estão com um futuro totalmente em aberto. É por isso que eu digo que é um grave problema de saúde pública, além dos problemas econômicos e emocionais que isso vai gerar. Precisamos preparar estruturas para atender essas crianças. Elas vão precisar de acompanhamento para o resto da vida. É indispensável fortalecer o SUS para atender essas pessoas. Os pequenos ficam mais sujeitas a doenças bacterianas, por exemplo, e vão apresentar outras infecções - salientou.

IX Congresso Gaúcho de Atualização em Pediatria

 

Entre as preocupações da médica estão as descobertas diárias sobre complicações geradas a partir do Zika Vírus.

- No início, as crianças mamavam com uma certa facilidade. Porém, eles vão crescendo e o cérebro vai solicitando algo mais específico e acaba não acompanhando. Hoje, a maioria apresenta um quadro bem forte de refluxo. Não consegue engolir. Outro aspecto que chama atenção são as convulsões. A partir dos dois, três meses de vida, a convulsão fica evidente e o quadro é de epilepsia - finalizou.

O Congresso ocorre entre os dias 1° e 04 de junho no Centro de Eventos da PUCRS, localizado na Avenida Ipiranga, n° 6681, no Prédio 41. Outras informações e a programação completa podem ser obtidas no site www.gauchopediatria.com.br.


Redação: Mariana da Rosa
Fotos: Marcelo Matuziak
PlayPress Assessoria de Imprensa

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