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Saiba como a obesidade influencia a vida de uma criança


Um terço das crianças brasileiras estão com excesso de peso e obesidade. Os dados do IBGE preocupam médicos e pediatras em todo país. Não são poucos os problemas que afetam os pequenos que apresentam este quadro. Problemas respiratórios, cardiovasculares e depressão são alguns dos quadros graves que a doença causa nas crianças. De acordo com o 2º vice-presidente da Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul (SPRS), Matias Epifanio, a Obesidade Infantil afeta desde o social e psicológico até o funcionamento do corpo da criança.


- É uma verdadeira bola de neve de problemas causados pela obesidade infantil. Hoje, as crianças sofrem muito bullying em decorrência do peso. Elas sofrem com falta de atenção, depressão, baixa autoestima e isso influencia no relacionamento com outras pessoas. Além disso, crianças obesas apresentam quadros de hipertensão, problemas cardiovasculares e respiratórios. Os pequenos não dormem bem e passam o dia irritados, atrapalhando o desenvolvimento e a aprendizagem - explica.

Matias Epifanio SPRS De acordo com o pediatra, a percepção de obesidade mudou nos últimos anos e, hoje, já podemos considerar o problema como uma epidemia mundial.

- Antes, as pessoas se preocupavam quando a criança era muito magrinha e não se alimentava bem. Não se prestava tanto atenção na obesidade. Hoje, trata-se de uma epidemia mundial. Precisamos nos preocupar com o que é consumido pelos pequenos, pois as rotinas das crianças possuem muita gordura e açúcar. Como são vulneráveis, é preciso prestar atenção no consumismo e na alimentação dos pais - avalia.

Outro dado apresentado pelo pediatra mostra que a recuperação de uma criança obesa é melhor quando os pais buscam ajuda mais cedo.

- Quando precocemente o problema é tratado, melhor será o resultado. Uma criança de dez anos obesa tem 80% de chances de virar um adulto obeso. Já uma criança de dois anos tem bem mais chances de se recuperar, ter uma vida mais saudável e com bons hábitos - relata.

O pneumologista da Sociedade de Pediatria do RS e presidente do IX Congresso Gaúcho de Atualização em Pediatria, Leonardo Pinto, explica que crianças obesas têm mais chances de desenvolver asma e outras doenças respiratórias.

- A criança obesa pode apresentar restrição do sistema ventilatório, ou seja, tem dificuldade em conseguir ventilar todas as áreas do pulmão por conta de problemas mecânicos da caixa torácica. Isso pode levar a sintomas respiratórios a longo prazo - enfatiza.

Leonardo Pinto SPRS

A imunidade das crianças obesas, de acordo com Leonardo Pinto, também é afetada.

- Existe, também, a questão da associação da obesidade com a diminuição da imunidade. Estudos mostram a suscetibilidade para desenvolver algumas infecções do sistema respiratório. As crianças apresentam dificuldade de respirar e tosse frequente - sinaliza.


A estratégia de médicos para combater a Obesidade Infantil passa por dedicar menos atenção ao peso e mais estímulo aos hábitos saudáveis.

- Focamos em um comportamento saudável, mas não estamos mais atacando o peso da criança em si. Se a criança é obesa, mas aos poucos vai mudando hábitos e se tornando magra, o risco dela será diminuído. Então não é tão importante olhar o peso da criança e sim que ela mude de hábitos naturalmente. Se houver muita restrição, criaremos ainda mais problemas do que aquilo que queremos prevenir - afirma a médica Cardiologista Pediátrica do Instituto de Cardiologia, Lucia Campos Pellanda.

A médica e coordenadora do Previna, Grupo de estudos em Prevenção Cardiovascular na Infância e Adolescência, ressalta ainda que o quadro do adulto é visto como consequência da soma e multiplicação de uma série de comportamentos adotados ao longo da vida.

- Uma das discussões muito importantes é saber se teremos ou não um coração saudável. Esse caminho começa dentro do útero e na alimentação nos primeiros dias e meses de vida - reforça Lúcia.

Uma das consequências mais comuns da Obesidade Infantil é o desenvolvimento da Arteriosclerose, resultado da hipertensão arterial de longa duração.

- Vemos pessoas tendo infarto cada vez mais cedo, ou derrames. Todos estão relacionados a um estilo de vida não saudável. Há uma questão ambiental muito forte, o sedentarismo é um fator muito importante porque crianças estão cada vez mais trancadas dentro de casa, fruto de uma violência muito comum nas ruas. A dieta também é muito importante. Lanches rápidos, enlatados e comidas prontas substituem a comida da "mamãe" ou do "papai", que é muito mais saudável - completa.

O IX Congresso Gaúcho de Atualização em Pediatria ocorre até sábado (04/06) na PUCRS, em Porto Alegre (RS). Outras informações sobre o evento podem ser obtidas no site www.gauchopediatria.com.br.


Redação: Marcelo Matusiak e Mariana da Rosa
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