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Estudos ajudam a entender melhor os impactos da COVID em crianças

XIV Congresso Gaúcho de Atualização em Pediatria 2022 SPRS

O cenário da pandemia alterou completamente o quadro em relação às doenças respiratórias na infância e na adolescência. Além das preocupações com a própria contaminação pela COVID, houve um quadro de isolamento que deixou as crianças, praticamente, por dois anos sem a exposição a uma grande parte de vírus que habitualmente circulavam. Segundo o médico pediatra, Renato de Ávila Kfouri (SP), o contexto é complexo e estudos ainda ajudarão a compreender melhor os impactos dos acontecimentos.

“Os menores de três anos, diferente de outras gerações, tiveram pouca oportunidade de se expor a vírus respiratórios. No curto prazo, já estamos vendo o acúmulo de casos, como poucas vezes vimos nos últimos anos em pediatria, de internações por problemas respiratórios em geral. A boa notícia é que, talvez, isso possa se traduzir em uma geração com menos asma, porque foram expostas mais tardiamente aos outros vírus”, disse.

A imunidade natural e a massiva cobertura vacinal foram elementos fundamentais na segunda onda da COVID, da variante Ômicron.

“O que chamou a atenção é que, naquele momento de queda da circulação do coronavírus, houve um crescimento de outros vírus que estavam com menor circulação, como o Influenza e o Vírus Sincicial Respiratório”, complementou.

O palestrante ressaltou que, através de estudos, comprovou-se a disparidade socioeconômica no impacto da COVID.
“Hoje está sendo possível observar que houve disparidades socioeconomicas. A COVID afetou mais aqueles que, infelizmente, não puderam fazer o distanciamento e que tiveram menos acesso à rede de saúde”, disse.

A apresentação trouxe dados estatísticos e conceituais do que vem sendo chamado de COVID longa. Apesar de não haver ainda uma definição precisa, pesquisas mostram como ela tem afetado as crianças, trazendo sintomas comuns como fadiga, tosse crônica e cansaço. Ocorre em jovens com histórico de infecção em sua maioria com, pelo menos, um sintoma físico persistente para um mínimo de duração de 12 semanas, e que não podem ser explicados por um diagnóstico alternativo.

XIV Congresso Gaúcho de Atualização em Pediatria 2022 SPRS

A programação da manhã trouxe, também, a discussão da importância da prevenção da doença meningogócica, com a participação dos médicos Juarez Cunha (RS) e Lessandra Michelin (RJ).

“O maior desafio, hoje, é combater aquilo que a OMS definiu como Hesitação em Vacinar, que é o atraso em vacina ou a recusa das vacinas recomendadas apesar de sua disponibilidade nos serviços de saúde. Isso se dá através de três valores que são complacência, confiança e conveniência”, explicou o pediatra, Juarez Cunha.


Teleconsulta

A outra mudança de impacto no atendimento pediátrico foi a teleconsulta, uma prática que vinha já se formando, mas que foi impulsionada na pandemia. Pontos e contrapontos foram discutidos em um talk show com a participação de José Paulo Ferreira e João Ronaldo Mafalda Krauzer e coordenação de João Carlos Batista Santana. João Ronaldo Mafalda Krauzer lembrou avanços importantes que foram possíveis na proteção do paciente que recebe alta hospitalar.

“Sempre pedimos que façam a revisão com o pediatra, mas esse link podendo ser feito no ambiente residencial é muito melhor. Ele pode estar se recuperando de uma bronquiolite, por exemplo, e não quero que ele tenha contato com outros pacientes no consultório. Então, eu posso conversar e olhar os exames fazendo uma avaliação do momento desse paciente na sua residência”, explicou.

A relação médico-paciente é muito importante, segundo lembrou o pediatra José Paulo Ferreira.

“O paciente ver o ambiente que ele conhece, do consultório médico, passa uma segurança maior e uma credibilidade. A teleconsulta é boa, mas precisa ser feita com bastante cuidado”.

XIV Congresso Gaúcho de Atualização em Pediatria 2022 SPRS

Durante a apresentação, os palestrantes reforçaram a necessidade ainda de avançar na discussão de temas como remuneração das consultas e nos cuidados envolvendo a Lei Geral de Proteção de Dados.


Distúrbios comportamentais

Alterações no comportamento das crianças e adolescentes foram abordadas por especialistas. A dificuldade na alimentação foi tema de apresentação das médicas Vanessa Scheeffer (RS) e Patrícia Barcellos Diniz (RS). “Como lidar com o luto” foi o tema de Fábio Parise (RS) e Marcelo Porto (RS).

“A vida sem amor não tem muita graça e não serve para muita coisa. O transbordar de uma dor acontece ao mesmo tempo em que há um transbordar de amor”, afirmou o pediatra Marcelo Porto.

O palestrante, psicólogo e escritor do livro “Vai ficar tudo bem”, Fábio Parise, dividiu a sua experiência com a plateia trazendo emoção.

“Por mais paradoxal que seja, o luto é se sentir amando o tempo todo. Em dias tão sombrios, a resistência no amor é fundamental e imprescindível”, disse.

XIV Congresso Gaúcho de Atualização em Pediatria 2022 SPRS


Ao final da manhã, a palestrante Priscila Coelho Amaral (RS) discorreu sobre abordagem lúdica para segurança do paciente, e o médico Hélio Miguel Lopes Simão (RS) falou do controle da rinite alérgica.


Redação e fotos: Marcelo Matusiak
PlayPress Assessoria de Imprensa

 

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