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Especialistas alertam para riscos com produtos inadequados na pele de crianças e adolescentes



XVII Congresso Gaúcho de Atualização em Pediatria 2025 SPRS A pele das crianças exige atenção redobrada, especialmente nos primeiros anos de vida, quando condições como dermatite atópica e hemangiomas são mais frequentes. A Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul (SPRS) reforça a importância dos cuidados dermatológicos desde os primeiros meses de vida, incluindo a seleção correta de produtos de higiene e cosméticos, a observação de sinais clínicos e o acompanhamento médico regular. O tema foi abordado no XVII Congresso Gaúcho de Atualização em Pediatria no Centro de Convenções Barra Shopping, que acontece entre 15 e 17 de maio. O evento é uma realização da Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul.

A dermatite atópica, considerada a doença inflamatória crônica da pele mais comum do mundo, afeta cerca de 13% das crianças globalmente, segundo dados recentes. A dermato-pediatra e membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia - Secção RS, Luciana Boff de Abreu Bombardelli alerta que muitos produtos disponíveis no mercado não são adequados para a pele sensível dos bebês.

“Sabonetes em barra geralmente possuem pH elevado, o que pode agredir a pele infantil. Os syndet, também conhecido como detergente sintético, são preferíveis por terem pH mais próximo ao fisiológico, mas a maioria dos produtos nem sequer informa esse dado no rótulo, o que dificulta a escolha segura pelos pais”, explica.

Outro ponto de atenção são os hemangiomas infantis, tumores benignos formados por vasos sanguíneos, que podem aparecer na pele ou em órgãos internos. A dermato-pediatra Ana Elisa Kiszewski Bau destaca que a maioria dos casos passa por três fases – crescimento, estabilidade e regressão – e que o monitoramento ao longo dos anos é essencial.

“Embora a maioria regresse até os cinco anos, é fundamental acompanhar para garantir um bom desfecho clínico”, observa.

No campo dos produtos estéticos, a preocupação também é crescente. A dermato-pediatra e membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia - Secção RS, Thalita Gabrieli Sanches Vasques chama a atenção para o uso inadequado de termos como “natural” ou “livre de toxinas” em rótulos de cosméticos infantis.

“A falta de fiscalização permite o uso desses termos sem critério, o que engana os consumidores. Além disso, fragrâncias, um dos principais causadores de dermatites de contato, podem estar escondidas sob o termo ‘perfume’, dificultando diagnósticos em caso de reações”, alerta.

XVII Congresso Gaúcho de Atualização em Pediatria 2025 SPRS




Riscos

O uso inadequado desses produtos pode trazer riscos à saúde, como dermatite de contato irritativa e alérgica, traumatismos em áreas sensíveis como face e olhos, toxicidade por substâncias como salicilatos (salicilismo) e exposição a disruptores endócrinos, que podem interferir no desenvolvimento hormonal. Além disso, há a possibilidade de erupções acneiformes e impactos psicológicos, como ansiedade relacionada à aparência (“FOMO” - Fear of Missing Out) e transtornos de autoimagem, como a cosmeticorexia e a dermorexia, que refletem uma preocupação excessiva com a estética.

A SPRS reforça que todo cuidado com a pele infantil deve ser pautado pela orientação médica e baseado em evidências científicas. A escolha de produtos deve priorizar segurança e eficácia, evitando modismos ou apelos comerciais que não possuem respaldo técnico.


Redação e fotos: Marcelo Matusiak
PlayPress Assessoria de Imprensa

 

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