Notícias
Hesitação vacinal ameaça conquistas históricas da imunização infantil no Brasil


A celebração dos 50 anos do Programa Nacional de Imunizações (PNI) em 2024 reforçou uma trajetória de vitórias no combate a doenças imunopreveníveis no Brasil. No entanto, a hesitação vacinal, impulsionada por desinformação, complacência e barreiras de acesso, coloca em risco essas conquistas, especialmente entre crianças e adolescentes. O alerta é do médico pediatra e membro do Comitê de Infectologia da Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul (SPRS), Juarez Cunha, que tem analisado os principais fatores por trás da queda nas coberturas vacinais.

O tema foi abordado no XVII Congresso Gaúcho de Atualização em Pediatria no Centro de Convenções Barra Shopping, que acontece entre 15 e 17 de maio. O evento é uma realização da Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul. Em cinco décadas, o PNI contribuiu para o controle ou eliminação de muitas doenças, como poliomielite, rubéola, tétano neonatal e sarampo, além de ter evitado milhões de mortes no Brasil. Dados publicados na revista científica The Lancet apontam que, globalmente, apenas com as vacinas contra sarampo, tétano, coqueluche e tuberculose, mais de 144 milhões de mortes foram evitadas e mais de 9 bilhões de anos de saúde plena foram garantidos. Contudo, esse cenário positivo vem sendo ameaçado.

XVII Congresso Gaúcho de Atualização em Pediatria 2025 SPRS “A hesitação vacinal é multifatorial. Ela envolve desde a confiança na eficácia e segurança das vacinas até aspectos como acesso, influência de grupos antivacina e percepção equivocada sobre os riscos das doenças”, explica o médico pediatra da SPRS, Juarez Cunha. Ele ainda destaca que essa resistência tem sido mais acentuada entre jovens e pessoas de menor status socioeconômico, principalmente após a pandemia de COVID-19.

Segundo o médico, fatores como novas políticas de saúde, divulgação de relatos adversos e até mesmo a polarização política influenciam diretamente na decisão dos pais e responsáveis sobre a vacinação dos filhos.

“A desinformação digital, muitas vezes reforçada por crenças extremistas e preferências por práticas alternativas de saúde, tem um papel central em minar a confiança da população”, afirma.

Para enfrentar esse desafio, a SPRS defende estratégias de comunicação eficazes, campanhas contínuas de conscientização e políticas públicas que garantam acesso facilitado às vacinas. O objetivo é restaurar a confiança e a adesão ao calendário vacinal, especialmente entre crianças e adolescentes, grupo que vem apresentando quedas preocupantes na cobertura.


Redação e foto: Marcelo Matusiak
PlayPress Assessoria de Imprensa

Endereço da Sociedade de Pediatria do RS
Av. Carlos Gomes, 328 - Sala 305 - Porto Alegre - Rio Grande do Sul - Brasil
CEP 90480-000 - Fone: (51) 3328.6337 - Fax: (51) 3328.4062
E-mail: sprs@sprs.com.br