O X Alergoped Gaúcho trouxe para o debate temas relacionados a quadros alérgicos e imunológicos em crianças. As atividades foram realizadas de forma online nos dias 3 e 4 de dezembro. Um dos destaques foi a repercussão no perfil imunológico frente a pandemia que foi instaurada em março do ano passado. A primeira parte do encontro foi voltada à atualização em COVID-19, com moderação do presidente do evento, Hélio Miguel Lopes Simão. Fabrizio Motta, falou das vacinas em crianças menores de 12 anos e Martti Anton Antila discorreu sobre complicações a longo prazo em crianças. As manifestações cutâneas mais comuns foram abordadas por Kerstin Taniguchi Abagge.

O segundo bloco tratou de doenças Mediadas por IgE em crianças com a participação do médico Renan Augusto Pereira. O palestrante destacou um aumento expressivo de casos de urticária crônica em crianças.

“O pediatra precisa saber que existe isso e devemos ressaltar que não é uma alergia, mas uma fisiopatologia que envolve autoimunidade e deixar claro aos pais que não é um fator alimentar e nem emocional”, explicou.

A outra parte do encontro foi dedicada aos Erros Inatos da Imunidade. As chamadas Infecções de “escolinha” foram detalhadas pela médica Regina Sumiko Watanabe Di Gesu.

“Há alguns fatores de riscos naturais que são a própria exposição da crianças às infecções que na pandemia diminuíram devido ao distanciamento social. Entretanto, chamo a atenção ao tabagismo passivo, que ficou mais evidente também neste cenário imposto, no qual os adultos passaram a fumar mais”, disse.

O debate teve participação de Ellen de Oliveira Dantas na sequência, falando de lesões cutâneas em Erros Inatos da Imunidade, e Alex Isidoro Ferreira Prado tratando das doenças autoinflamatórias no consultório. Ao final da programação, Maine Luellah Demaret Bardou tratou do angioedema hereditário. Carolina Sanchez Aranda falou das particularidades na puericultura do paciente com defeitos da imunidade, e Pérsio Roxo Junior sobre a aplicação prática dos testes genéticos. O encerramento da programação de sexta-feira foi com Hélio Miguel Lopes Simão tratando da APLV persistente.
 

Alergias relacionadas a medicamentos, alimentação e respiração

Com temas variados e um amplo leque de palestrantes, o segundo dia do X Alergoped Gaúcho discutiu questões relacionadas a fatores alérgicos em crianças e adolescentes. Além disso, os especialistas também abordaram o aspecto médico neste contexto.

"É um evento especial. Uma marca significativa na décima edição. Reunimos campos de conhecimento diversos para revisitar, mas também atualizar as informações e entender novas definições em cada segmento. A informação científica é muito necessária no dia a dia do pediatra", reiterou o presidente do X Alergoped Gaúcho, Hélio Miguel Lopes Simão.

No turno da manhã, o primeiro painel foi "A multidisciplinaridade na alergia e imunologia", que se dedicou a comentar sobre as alergias respiratórias, como a rinite alérgica.

"A rinite afeta a qualidade de vida de crianças e adolescentes e é preciso fazer a investigação certa para encontrar o diagnóstico adequado das razões da alergia", pontuou o médico especialista em Alergia e Imunologia, Giovanni Marcelo Siqueira Di Gesu. Ao longo da mesa-redonda, também participaram os médicos Luciane Hoff, Tsukiyo Obu e Arnaldo Carlos Porto.

Na sequência o presidente do evento, Hélio Simão, comandou uma aula magna sobre as alergias alimentares, trazendo à tona as principais situações do dia a dia dos pediatras. Ainda sobre esse tema, a médica Raquel Pitchon tratou dos casos de crianças e adolescentes alérgicas ao ovo e como proceder. Finalizando a sessão antes do intervalo, o presidente do Comitê de Alergia, Imunologia e Reumatologia da SPRS, Renan Augusto Pereira, moderou um painel sobre alergias de pele, outro tema recorrente na infância. Ele teve o auxílio das médicas Luciane Hoff, Vania Oliveira e Cristina Worm.

Abrindo a parte da tarde, Renan foi o responsável por comandar o bate-papo "Alergia a antibióticos", ao lado das médicas Chayanne Andrade e Nádia de Melo. De acordo com os especialistas, a alergia aos remédios deve ser sempre abordada com cautela, pois pode acabar rotulando a criança sem a devida confirmação diagnóstica.

"Aproximadamente 15% de pais e filhos se autorreferem alérgicos a antibiótico. Conforme estudos, o rótulo é feito até o terceiro ano de vida, mas pode se estender para fase adulta. É preciso tentar entender como funciona a investigação para desrotular. Hoje é mais fácil, pois o paciente consegue fotografar. Aí a gente consegue avaliar", explicou Chayanne Andrade.

De acordo com Nádia, ao determinar a alergia de uma criança a um determinado remédio, você restringe diversos tratamentos. "Se rotular uma criança a uma determinada droga, você está restringindo ele a uma classe de medicamentos. Não somente um, mas todos de sua classe. É fundamental a investigação e o diagnóstico assertivo. Muitas vezes as mães vão no consultório e apenas referem isso, mas também nem querem investigar", pontuou.

Após, Hélio Simão debateu a alergia alimentar com o leite de vaca, ao lado da gastroenterologista pediátrica Cristina Targa Ferreira, e da especialista em Alergia e Imunologia, Ana Paula Moschione Castro. Ao longo da apresentação, os médicos reiteram o dinamismo do começo de vida e como, por precipitação, pode-se acabar determinando alergias que não se confirmam. "O refluxo, por exemplo, eu vejo como o sintoma mais difícil entre os não específicos. É o pior de todos, pois ele se confunde com outras coisas. Por exemplo, quando o bebê come demais e vomita para se aliviar", lembrou Cristina.

Ao final, os médicos Giovanni Marcelo Siqueira Di Gesu, Herberto José Chong Neto e Helena Maria Correa de Sousa Vieira discutiram a anafilaxia em crianças pequenas e as formas de tratamento.

A décima edição do Alergoped Gaúcho foi promovida e realizada pela Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul (SPRS), com apoio da Sociedade Brasileira de Pediatria.


 

Redação: Vítor Figueiró e Marcelo Matusiak
PlayPress Assessoria de Imprensa