Foi com grande satisfação que a Sociedade de Pediatria do Rio Grande Sul assistiu a divulgação, por parte do Ministério da Saúde, de que as crianças da faixa etária entre 5-11 anos serão incorporadas à estratégia nacional de vacinação para COVID-19. Num futuro, que nos parece bem próximo, estaremos nos associando a um grupo, já não tão seleto, de cerca de 30 países que possuem programas de vacinação ativos para a faixa etária em questão.
Muito tem se discutido sobre a importância da vacinação para COVID-19. Os argumentos que foram utilizados como contraponto para implementação do exitoso programa de vacinação da população (adultos e adolescentes) em escala mundial, são os mesmos que voltam a ser reapresentados pelos adeptos dos movimentos anti-vacinas. Se existiam dúvidas, caíram por terra. Não estamos mais falando de hipóteses, inferências ou estudos. Estamos numa fase de vigilância farmacológica. Cerca de 10 milhões de crianças em idade pediátrica já se vacinaram ao longo do mundo com o mesmo imunizante que será aplicado em nossa população. Como era de se esperar, gerando resposta imunológica e com baixa ocorrência de efeitos adversos.
Particularmente, não chego a considerar como tardio o início da vacinação de nossas crianças. A China foi o primeiro país do mundo a vacinar crianças. Iniciou em junho de 2021. Os EUA iniciaram a vacinação em novembro deste mesmo ano, e a Europa em dezembro de 2021. No Brasil, nosso órgão de vigilância sanitária (ANVISA) liberou recomendação de uso no dia 16 de dezembro de 2021. O processo entrou em consulta pública, que estabeleceu juízo favorável, estabelecendo uma previsão de início da vacinação para o mês ainda vigente (janeiro de 2022).
Neste pequeno período de discussão vimos os argumentos dos movimentos anti-vacinas se esvaziarem. Dados científicos robustos de eficácia e segurança começaram a ser publicados e o número crescente de crianças vacinadas em vários países ajudaram a estabelecer um posicionamento quase que consensual do mérito vacinal. As sociedades científicas de nosso país contribuíram para tirar do cenário político uma decisão que tem que ser técnica.
Numa visão não otimista, temos também observado discursos que já salientam uma impossibilidade de conclusão do processo vacinal (duas doses) coincidente ao início do calendário escolar e retorno das férias. Não tem sido essa a nossa impressão. Esse período de discussão serviu para reforçar a importância do ato vacinal na população pediátrica. Serviu para confrontar correntes que se escondiam atrás de redes sociais, muitas vezes transmitindo fake news e atrapalhando o juízo crítico dos menos informados. Ambientes de discussão públicos e controlados, estimulando a participação das sociedades científicas diminuíram nossas taxas de hesitação vacinal. Esta oportunidade de discussão deve contribuir para um aumento nas taxas de vacinação. Estamos no tempo certo. Temos as evidências que precisávamos, o envolvimento das sociedades científicas e o convencimento da população.
No mais, devemos reforçar a importância das orientações relativas a um ato vacinal. Para qualquer dúvida relativa ao processo vacinal, procure seu pediatra. Ele é a pessoa mais adequada para lhe orientar quanto aos aspectos relativos à saúde do seu filho. Seu filho é o seu bem mais precioso, e merece uma atenção individualizada.
A obrigatoriedade de indicação do ato vacinal em receituário médico, numa atitude muito sensata, deixou de existir. Entretanto, é importante que nesta faixa etária a criança seja conduzida ao posto de vacinação pelos seus pais ou responsáveis legais.
Sérgio Luis Amantéa
Presidente da SPRS
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